Só a cara de palhaço

Ele usa terno roxo e cabelo desalinhado. No rosto, muita maquiagem borrada e olhos dilatados. “Vocês querem ver uma mágica?”, diz o personagem. O tom de voz é quase infantil, tem belas tiradas, um risinho nervoso. Ele não liga para dinheiro; prefere gasolina, dinamite e pólvora. “Eu represento o caos”, frisa. O cara parece um palhaço, mas não se iluda: ele não quer fazer graça, quer ver o circo pegar fogo. Esta é a figura total anárquica criada por Heath Ledger no filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, que poderia sinceramente ser “Coringa – o doido mais carismático de Gotham”. Uma perturbadora atuação, simplesmente o melhor do filme.
“Why so serious?”... Ou “por que tão sério?”, o palhaço esquizofrênico pergunta em tom sarcástico. Uma faca ameaçadora acompanha a fala. Dá medo, dá ansiedade, dá uma coceira na bunda. O que diabos este cara vai aprontar agora? Esta é a sensação. E atenção: não queremos que o Batman (um Christian Bale engolido pelo vilão) o faça parar.
A possibilidade de pensar num mundo nem tão cheio de regras, nem tão politicamente correto, nem tão metido a ser bom moço é o que propõe o novo filme do Coringa. Ops! Do Batman. Você já assistiu a um filme em que torce pelo vilão? Se isso nunca te aconteceu, experimente. Em cartaz por toda a cidade.