Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

terça-feira, 29 de julho de 2008

Era só mais um Silva

Marlboro era só mais um Silva perdido no Lins de Vasconcelos. Hoje, ele é o cara. Sabe tudo de tudo – antropologia, sociologia, psicologia. E funk, é claro! Chega a ser melhor do que o Lula e o FHC juntos. Tudo aprendido na lida, no dia-a-dia, nas comunidades que amam o o ritmo que ele popularizou no Brasil. Fiquei surpresa ao vê-lo ontem no João Gordo (na MTV), sua força empresarial e seu jogo de cintura em transitar sobre temas que poderiam ser áridos. O cara ficou rico e não por acaso.
A história que tenho com Marlboro é antiga (com o perdão do trocadilho!) - eu e o mais famoso disc-jóquei do Brasil já nos encontramos algumas vezes nesta vida. Cheguei a vender vinil numa loja de importados só direcionados a DJs na adolescência e ele era um dos compradores. Boa gente, queria todos os detalhes do que havia de mais recente no mundo do funk melody. Naquela época, os bailes ainda tocavam Tony Garcia e Stevie B. Tá lembrado? Putz... Até eu mexia a bundinha ao som do bate-estaca aos domingos.
Depois, ele mesmo foi o responsável pelo nascimento do que hoje chamamos funk brasileiro, pilotando na extinta Rádio Manchete o Big Mix. Depois que lançou o Funk Brasil 1, o primeiro vinil do ritmo no país, a parada explodiu. Na faculdade, fiz um trabalho sobre cultura brasileira. E lá estava ele, convidado por mim, para falar sobre o ritmo das favelas, dos guetos, das comunidades.
Hoje, Fernando Luiz Mattos da Matta e o funk brasileiro são um só. Saíram dos guetos e hoje são exportados para o mundo inteiro. Impossível discernir quem veio primeiro... O ovo ou a galinha. Sua explicação para o Gordo, macaco velho do pesado punk rock, é digno de sociólogo. “Era só mais um Silva que a estrela não brilha”podia ser um forró. Ou “eu só quero ser feliz, morar tranquilamente na favela onde nasci” entraria num samba-enredo. O funk hoje agrega todos os ritmos. É futebol, é festa, é zoação. E mais: é a forma de expressão do molequinho do morro que passa o dia sozinho, aprendendo na rua, porque a mãe trabalha o dia todo. Ou seja, a sexualidade é precoce mesmo.
Pois é... Era para ser só mais um Silva, mas não... Ele é mais do que isso: Marlboro para presidente.

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