Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Para começar...

Para começar a sexta (após o dilúvio que se abateu sobre a cidade), um pouco de poesia...

Eu disfarço, mas, sim, continuo a mesma. A mesma menina que um dia quis a boneca bonita e brincou de pipa, que chorou porque seu primeiro amor não a amava e descartou outros, que se achou e se perdeu, que experimentou o doce e o amargo. Sou a mesma, aqui dentro. E como toda menina há dias em que só quero colo. De pai, de mãe, de amigo, de namorado, de desconhecido... Um olhar, um afago, uma palavra. Qualquer coisa que conforte, que alente, que ajude a colorir um dia. Principalmente se for cinzento – como hoje.
Ao mesmo tempo, sou mutável, graças a Deus. Como todos somos. E ai de quem se recusa a vivenciar a dor e a delícia desta certeza. O querer numa manhã que se transforma num não-querer duas horas depois. E no fim do dia já está querendo de novo. Sou adulta e sei dos meus limites. Se os tenho, é claro.
Mudar a essência é coisa rara e demorada, mas podemos ir desenhando, formatando, dando forma à argila nova da qual surgirá um novo eu. Por que não? E neste momento dou asas à meninice que habita em mim e o adulto que insiste em ir em frente, batendo cabeça, tentando imprimir seu ritmo mesmo quando todas as indicações apontam para o lado contrário. É um duelo onde quem vence sabe que terá que sobreviver todos os dias sob o sol da angústia de abrigar a outra... Somos dois e somos um. Sim, eu disfarço, mas cada dia sou mais a mesma.

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