Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Saudades...

Quem me conhece sabe que não sou amante de doces. Meu fraco é salgadinho. Pizza, pastel, coxinha, cachorro quente, empada... E nesta época pré-durante-pós niver não posso deixar de me lembrar da minha querida avozinha, que como toda avó que gosta de mimar a neta produzia vários quitutes no meu aniversário, fossem eles para uma festinha em família, entre amigos ou simplesmente para abastecer o dia mais importante do ano.
Bate uma saudade...
Aliás, nunca comentei aqui, mas minha querida Rita - que se despediu de nós no fim de 2007 - foi a melhor cozinheira do mundo todo (e do exterior, como dizem os meus). Tão festeira quanto ela, fiz questão de aprender em detalhes suas alquimias frente ao forno e fogão. É fato que nunca serei um décimo do que ela foi, mas a gente tenta... Minha avozinha, na juventude, foi "cozinheira de madame", como tinha orgulho de dizer, e sabia fazer de tudo o que de melhor pode surgir de panelas e travessas. Do mais trivial ao mais requintado.
Estas lembranças para mim são tão presentes que ainda sinto o cheirinho gostoso daquele delicioso bife na manteiga, do empadão que derretia na boca, do feijãozinho com refogado fresco, do franguinho bem assado. Quando era ainda menina e saía dos cafundós da Baixada para passar dias em sua casa, a primeira comidinha que me lembro era de lamber os beiços: um bife cortadinho no prato com um miojo. Ah, esqueci de dizer que ela tb era boa na massa instantânea...
As saladas tinham um molho especial, que faço hoje e rende elogios. A fritura das sardinhas, porém, que amo comer bebendo uma cervejinha era incomparável. Sequinha, sequinha. Os molhos de tomate tb nunca soube reproduzir, simplesmente porque a comida dela não usava estes temperos prontos. Era tudo comprado fresquinho e feito com muita paciência. Claro!
Mais do que tudo isso, um fato me salta à memória: aos 10 anos, morei um ano com ela. O muro da escola onde eu estudava dava para a janela do seu apartamento. E eu sou da época que havia aulas no sábado. No horário do recreio, ela me jogava pela janela dois sanduíches e dois suquinhos. Por que dois? Ela abastecia a minha barriga e a de uma amiga muito querida na época, a quem ela tratava como uma segunda neta.
Coisas de avó inesquecível.

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