Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Medo de quê?

Coisa boba é negar os nossos medos, né? Acho uma tolice. Na verdade, negamos ter medo com medo de acharem que somos fracos, vulneráveis, bocós. Grande coisa. Não quero ser mártir, quero ser feliz, já dizia uma amiga querida. Caguei para as convenções. Tenho medo mesmo. Medo de escuro, medo de barata, medo de avião, medo de perder as pessoas que amo.
Eu sei, eu sei. Já me disseram que se o medo não me paralisar, ele é positivo. Afinal, a partir do surgimento dele, eu começo a analisar meus sentimentos, minhas alternativas, os porquês daquelas sensações de suores nas mãos e frios na barriga. E é certo que irei em frente. Mais fortalecida.
No caso de baratas, eu confesso: fico petrificada. Ou seja, é uma merda mesmo. Os outros, nem tanto. No caso do avião, se tivesse que morrer disso já teria acontecido (não que eu ache que nunca vai acontecer). Mas a verdade é que nos últimos anos tenho viajado tanto a trabalho que minha mala já sabe o caminho do aeroporto sozinha. Do escuro, bem... ainda durmo com a tevê ligada, mas se a Light me abandonar no meio da madrugada, venço o primeiro momento de pavor e depois pego as velas, que já deixei estrategicamente guardadas. Aí, é só me entregar de novo aos braços de Morfeu.
A perda de pessoas está no mesmo patamar, guardadas as devidas proporções. O medo nunca deixou de existir. Nunca. Mas também já sou grandinha para saber que a existência dele não impediu que quem eu amava fosse embora – em todos os sentidos. Por isso, também estou aprendendo a conviver (com-viver).
Tenho medo de perder meu amor, minha mãe, minha amiga, meu cachorro. E mesmo assim sei que devo seguir. Senão, faço das nossas vidas um inferno. Cheia de carências, demandas, tristezas. E o que era para ser bom, vai por água abaixo. Acredito hoje que o melhor é encarar o que vier e ter cada dia mais momentos felizes com eles, histórias bacanas, pensamentos do bem. E um dia quando nos perdermos (porque eles tb podem me perder primeiro) haverá belas lembranças. Não é muito, mas já é alguma coisa.
De vez em quando, batem umas neuras. “Ai, meu Deus, será que é isso?”, “Quando será que não os terei mais aqui?”, “Ela está bem mesmo?”, “Sou uma boa mulher/filha/amiga/cuidadora?”. Mas vou fazer o quê? Faz parte da vida. Admito: ainda tenho medo, mas não deixo que ele tome conta de mim, que assuma meus pensamentos, que guie os meus passos. Acho que de certa forma, neste aspecto, também achei as velas que podem iluminar o meu caminho.

Um comentário:

Renata Victal disse...

Amiga, quem não teme, não vive! bj