Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O ser humano e a odontologia

Eu odeio dentistas. Mas, como diria Chico Buarque, meu ídolo-mor, Deus é um cara gozador e me fez uma usuária de aparelhos ortodônticos. Ou seja, estarei presa a estas criaturas para o resto da minha vida. Aliás, pensando bem, eu odeio e, ao mesmo tempo, tenho pena dos dentistas, porque se há um profissional que eu pouco ouço falar bem é o dentista. Não conheço quem conte os dias ansiosamente para fazer uma visita a um dentista, quem sonhe em deitar naquela cadeira maldita, quem tenha frisson em ouvir o barulhinho daquele motorzinho escroto avançando sobre a nossa boca. E a gente ali... deitados, impotentes, tentando pensar em outra coisa enquanto olha o teto, com a boca escancarada cheia de dentes, parodiando outro ídolo, Raul Seixas.
Hoje foi meu dia. Acordei e a primeira lembrança que me ocorreu: tenho hora marcada com o dentista. Pelo menos, a época do afrouxa-e-aperta aparelho passou, mas não o tempo de fazer limpezas (cada vez mais frequentes) por conta da contenção que uso na arcada inferior. E vou usar para toda a eternidade. Aliás, esta pode ser até uma forma de ser reconhecida depois de morta. E, é claro, quem me conhece realmente, saberá que sou eu, "aquela que odiava dentistas, mas foi alvo das brincadeiras do 'Cara Lá de Cima'".
Acho louvável que alguém lançasse uma campanha a favor do uso das dentaduras. Não são tão assépticas, mas nos livrariam dos dentistas. Imagine a solução agradável: vc iria ao dentista, mas quando chegasse lá, se sentaria decentemente numa cadeira normal e, enquanto lixava as unhas, esperaria que ele desse cabo do seu trabalho, tendo nas mãos sua dentadura. Dava tempo até de ver tv sem estresse. No fim da sessão, você pagaria o "sirvissu" e a colocaria na boca, limpinha, branquinha, sem nenhum vestígio de ter sido usada nos últimos anos. E detalhe: tudo isso sem vc sentir um arrepio, uma dorzinha, um mal estar causado por qualquer dos equipamentos odontológicos. Será este um mundo perfeito?
Ufa... Agora, já com uma parte dos dentes limpos - ainda tenho outra sessão na próxima semana - começo o meu dia. Não preciso dizer que eles arranham minha língua de tão limpos. Nem que o gosto de sangue na minha boca vai ficar até que ela se habitue a sua nova condição de "tinindo de tão asseada".
O início do dia não poderia ser melhor. Tô até com medo do restante...

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