A idealização do outro é problema de dez entre dez seres humanos. Estamos sempre projetando no parceiro (ou em quem pretende ser) nossos desejos: queremos que ele seja perfeito e, se não o for, que pelo menos seja como nós. Quase perfeitos... Caso para psicologia mesmo...
"A Mulher Invisível" fala um pouco desta nossa necessidade, patológica ou não. É claro que com uma boa pitada de humor, o que não poderia deixar de ser. Afinal a intenção é fazer uma comédia romântica. Juntando um bom roteiro (assinado por Cláudio Torres, Adriana Falcão, Cláudio Paiva e Maria Luísa Mendonça), bela luz, figurino compatível, um elenco de primeira e direção segura de Claudio Torres, taí o que vc queria.
Pedro (vivido pelo indefectível Selton Mello) é um cara comum, que não pede muito da vida, apenas algum dinheiro e uma vida boa ao lado da mulher q ama. O problema é que a mulher que ele ama não é exatamente o que ele pensa que é. Vivida por Maria Luiza Mendonça, a moça fica grávida de gêmeos e o pai não é o marido, Pedro. Enquanto curte uma dor de cotovelo sem precedentes, Pedro conhece uma loira, linda e solitária vizinha, que toca sua campainha pedindo uma xícara de açúcar. Não é exatamente o que qq homem gostaria? A felicidade bate à sua porta.
Amanda (feita por uma Luana Piovani maravilhosa!) passa a ser seu objeto de desejo e o que é melhor: faz faxina na sua casa só de calcinha, prepara jantares deliciosos, adora fazer sexo, curte futebol até da terceira divisão e não liga a mínima quando ele sai com os amigos. É a mulher perfeita e, como tal, não existe. É a tal "mulher invisível", que só habita na imaginação de Selton.
Entre situações impagáveis, os conselhos cômicos do amigo Carlos (Vladimir Brichta) e a doçura da vizinha de verdade, Vitória (Maria Manoella), que é apaixonada por ele, Pedro mostra um pouco do que pode acontecer com quem sonha com o ideal (que, como o próprio personagem diz, é algo que habita o campo das idéias somente).
Bela pedida como diversão, o filme tb é oportunidade de reflexão sobre nós e nossos sonhos. O perfeito não existe. Não adianta construir um personagem dos contos de fadas e projetá-lo numa pessoa. O mesmo acontece em relação ao sexo oposto. O fim será sempre o mesmo: a decepção. Afinal, ninguém consegue atender uma expectativa deste tamanho por muito tempo.
Quem quer ser feliz deve pensar nisso e rever seus conceitos. Amar gente real, de carne e osso, que tem problemas e defeitos, dá trabalho, mas é muito mais prazeiroso, palpável eu diria.
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