“Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco/ Sem parentes importantes e vindo do interior/ Mas trago na cabeça uma canção do rádio/ Em que um antigo compositor baiano me dizia/ Tudo é divino, tudo é maravilhoso/ Tenho ouvido muitos discos, conversando com pessoas/ Caminhado o meu caminho, papo o som dentro da noite/ E não tenho um amigo sequer que ainda acredite nisso não/ Tudo muda, e com toda a razão
Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco/ Sem parentes importantes e vindo do interior/ Mas sei que tudo é proibido, aliás, eu queria dizer que tudo é permitido/ Até beijar você no escuro do cinema quando ninguém nos vê/ Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve/ Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve/ Som, palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém/ Sem querer ferir ninguém/ Mas não se preocupe, meu amigo com os horrores que eu lhe digo/ Isso é somente uma canção/ A vida realmente é diferente quer dizer, ao vivo é muito pior...”
A letra de “Apenas um rapaz latino-americano” já dá o tom deste post. Fiquei muito chateada com a notícia do desaparecimento do Belchior, dada no Fantástico de domingo. Em função da correria, acabei esquecendo de comentar por aqui. O que terá acontecido com o cara? Lembro-me de ter ido ver um show dele há alguns anos, no Parque Garota de Ipanema. Vozeirão, pinta de latin lover, performance de Freddie Mercury. Um barato.
Como potencial bicho-grilo (que não chegou a se efetivar) na adolescência, ouvi muito o som de Belchior. Não tem nada mais gostoso num acampamento: em torno de uma fogueira, a galera senta e canta ao som de uma viola. Uma cachacinha completa o clima. Ia até altas horas. Aliás, acho que vou ainda... É o tipo de programa que amo.
A obra do bigodudo é bárbara! Saca só aí embaixo a discografia. Gravado por dezenas de cantores, dono de um talento inquestionável, com uma história bacanérrima de artista cearense que se firmou no cenário nacional.
Na reportagem, diziam que não foi dada queixa na polícia, mas nem a família sabia dele. Pessoas próximas relatam que Belchior queria dar um novo rumo na vida. Pensei: “Não deve ter sido nenhuma tragédia. Quem não tem vontade de vez em quando de sumir?”.... Rsrs...
Dito e feito. Hoje, vi num programa mulherzinha pela manhã que um promotor o encontrou no mês passado no Uruguai. Disseram que ele estava bem, acompanhado de uma mulher, e com uma carinha boa. Fiquei aliviada e com a certeza de que ele só precisava dar um tempo. Olhe por si mesmo: http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1278576-7085,00-LEITORES+DO+G+CONTAM+TER+VISTO+BELCHIOR+NO+URUGUAI+E+EM+VARIAS+PARTES+DO+BR.html
Mas, pô, Belchior, aparece! Já estamos com saudades...
Discografia de Belchior
1974 - A Palo Seco (Continental - LP)
1976 - Alucinação (Polygram - LP/CD/K7)
1977 - Coração Selvagem (Warner - LP/CD/K7)
1978 - Todos os Sentidos (Warner - LP/CD/K7)
1979 - Era uma Vez um Homem e Seu Tempo/Medo de Avião (Warner - LP/CD/K7)
1980 - Objeto Direto (Warner - LP)
1982 - Paraíso (Warner - LP)
1984 - Cenas do Próximo Capítulo (Paraíso/Odeon - LP)
1987 - Melodrama (Polygram - LP/K7)
1988 - Elogio da Loucura (Polygram - LP/K7)
1993 - Belchior em Espanhol com Eduardo Larbanois e Mario Carrero (Eldorado/Movie Play - CD)
1993 - Bahiuno (MoviePlay - CD)
1996 - Vício Elegante (Paraíso/GPA/Velas - CD)
1999 - Auto-Retrato (BMG - CD)
2008 - "Belchior Sempre"
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