Quem nunca chegou em casa e foi contemplado com uma festa canina - com direito a abanar de rabo, latidos e corre-corre, não tem idéia da dimensão disso. Para eles, não tem chateação, não tem mau humor, não tem chefe perturbando, não tem TPM. O ponto alto da vida é saber que o dono está chegando em casa e que a partir daquele momento seu melhor amigo estará ao seu lado. Não tem tempo ruim: às vezes, é melhor do que gente mesmo, como já disse Rita Lee.
Tive um gato durante anos na adolescência que era o chamego da família. E nos acompanhou nos momentos mais felizes e mais tristes de nossas vidas. Fiel a nós e não somente a nossa casa - até porque éramos quase nômades. Um ronronar manhoso e um aconchego sobre a minha barriga eram o presente que eu recebia logo ao chegar da faculdade e me deitar no sofá.
E o papagaio que eu e meu irmão ganhamos do meu pai ainda crianças? A ave deu lugar a um miquinho que pouco durou na árvore lá em casa. Mas era lindo, um barato de bicho. Quando ele se despediu de nossas vidas, o Louro tomou seu lugar. Era diversão garantida. A paixão de meu pai, a alegria de minha mãe que passava o dia a tentar conversar com ele.
Isso sem contar com todos os pintinhos que passaram pela família. Você é do tempo que pintinhos eram trocados nas kombis por garrafas? Pois é, eu sou. Moradora da Baixada, era diária a passagem dos carros oferecendo os bichinhos. E uma farra para nós, crianças. Me lembro que tivemos um que cresceu e teve que ser transportado para a casa da minha bisavó. Um pintinho cabia na nossa casa, mas uma galinha... Era difícil.
Cachorros? Já tive alguns. Cada um a seu jeito foi um ensinamento de vida: Amor, Lobão, Puna, Pichot. Hoje tenho lá em casa uma figurinha chamada Roni, um cãozinho herdado da minha avó querida que já não está entre nós. Cheguei à conclusão de que nossos destinos estavam entrelaçados desde que ele foi para a casa dela, afinal ele a princípio seria meu. Como tive dúvidas, ele teve o papel de ser um grande companheiro para ela nos últimos anos de sua vida até a hora de nos encontrarmos. E nos apaixonarmos.
Ele me acompanha a todos os lugares onde posso levá-lo, sem grilos. É um cãozinho comportado, que se adapta bem às situações. Coloco uma de suas gravatas... e pronto. Um gentleman.
O olhar de um cão não tem igual. As atitudes são majestosas. A companhia silenciosa é indescritível. E uma lambida matinal na cara não tem preço: o despertador perde sua função.
Sempre que levo Roni para tomar banho na pet, reafirmo meu pensamento de que pessoas que têm animais de estimação são melhores. Se são capazes de cuidar e amar um bicho, devem achar o ser humano no mínimo respeitável. E crianças que convivem com animais em casa? Para mim, é fato: são pequenos mais amorosos, mais amigos, mais tranquilos, que sabem o valor de um vida.
Se você nunca teve esta experiência, adote um bichinho. Aliás, tenho um projeto de que o próximo morador lá de casa - assim que eu ganhar um pouco mais de espaço - será um amigo conquistado na Suípa. Quero dar um lar para um daqueles milhares abandonados por lá. Acho que podemos ser muito felizes.
Quem sabe você não se anima?
Um comentário:
Se quer um conselho, não vá à Suipa. É traumatizante. Saí de lá aos prantos, o coração pedaços, a alma em frangalhos... Neste domingo, no Méier, haverá uma espécie de feira de adoção de animais de rua. O evento acontecerá das 10 às 13h, em algum ponto da Dias da Cruz, que tradicionalmente fica fechada para lazer nesse dia da semana.
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