Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Turbinada por R$ 11

Neste ano, não há fantasias de personagens famosos no Saara, o maior centro de compras a céu aberto no Rio de Janeiro. No ano passado, o uniforme dos policiais do Bope foram a sensação, mas tudo indica que em 2008 ninguém conseguiu se superar e atingir o imaginário popular como eles. Sim, a máscara de Barack Obama está bombando e pode ser encontrada por valores que variam entre R$ 1 e R$ 4,99, mas isso já foi dito e redito em vários lugares. Com ela, dá até para tirar uma onda de cara mais poderoso do mundo, mas a roupa vai ser a sua mesmo, aquela que você comprou com seu suado dinheirinho.
Na falta de bons personagens, os comerciantes tinham que inventar algo para chamar a atenção de seu público e confesso que muito me espantou a novidade. Não é fantasia, não é máscara, mas moldes de silicone em formatos de peitos e bundas. Sim! Peitos e bundas espalhados por todas as lojas a preços que variam entre R$ 3 e R$ 8.
Isso no varejo. Se vc quiser comprar para você, sua amiga, sua prima e sua tia, no atacado, o preço pode cair razoavelmente. Imagina uma turbinada em qualquer nível por ínfimos R$ 11? Nem Mastercard. E ainda há para todos os gostos: similares aos de uma adolescente, aqueles que seriam a cara da Mulher Melancia ou os (digamos) mais maduros – estes para quem curte coisas mais reais. E de todas as cores, é claro.
Quer se fantasiar de Minnie ou de Joaninha? Você vai encontrar lá as fantasias tradicionais – por R$ 89,90, cada. Quer colocar uma asinha de fada? Vai pagar algo entre R$ 6,99 e R$ 12,90. As máscaras venezianas também têm seu espaço e variam de R$ 9,99 até R$ 29,90, mas acredite que o que chama mais atenção são os tais moldes de silicone, com ou sem colo de mãe, com ou sem barriguinha sarada.
Perguntei a uma vendedora de uma loja tradicional o motivo daquela explosão de peitos e bundas, que nunca tinha presenciado antes, e ela me disse que era uma febre momentânea. “Tem anos em que fantasias são o chamariz; tem anos que determinados acessórios é que faltam nas prateleiras. Neste ano, peitos e bundas!”. Não pude deixar de rir e pensar que isso deve ser sinal dos tempos. Num país onde as lipos e plásticas são feitas a toque de caixa, os gaiatos não poderiam deixar de ganhar com as maiores aspirações femininas. Ou seriam masculinas? “Dá de tudo. Carnaval é isso”, disse a vendedora.
Pois é... Dois mil e nove, pelo o que tudo indica, será um Carnaval de mais peitos e bundas. Isso é novidade? Não sei. O que posso dizer é que os preços tão bem mais baratos do que a maioria da mulherada anda pagando por aí atrás de um perfil de garota de capa de revista.

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