Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O filme do ano

Eu esperei muito tempo para isso. Eu e mais 2,8 milhões de espectadores que passamos parte do nosso finde em filas para comprar o ingresso e sermos alguns dos que primeiro assistiram "Tropa de Elite 2". Como boa jornalista, me pergunto: "por que esperar até diminuir os rumores? A graça é participar dos debates sobre o filme e saber do que se fala. Depois, já foi."
Não fiquei lá em pé feito uma doida, amontoada nas filas, não. Meu padrasto foi mais ligeirinho. Bom, né? Compramos eu e meu querido a última sessão do sábado. Um dia após a estreia já tínhamos nossa opinião sobre a continuação do filme histórico de José Padilha. É verdade, o longa é uma porrada. Tão forte e intensa que quero assistir de novo. Principalmente pq faz referências ao passado recente da política carioca, associando personagens aos políticos de plantão. Chega uma hora que vc não sabe quem é quem. Garotinho, Alvaro Lins, Wagner Montes... É uma diversidade de gêneros...
Tropa 2 é uma produção hollywoodiana, um blockbuster em potencial. O roteiro de Braulio Montovani é polêmico e, salvo detalhes que passam despercebidos, é linear, faz refletir, é típico de um bom filme policial (ou será um filme político?). As cenas dirigidas por Padilha são perfeitas - coisas que pouco vimos anteriormente. A guerra civil que presenciamos todos os dias está ali, na tela. Explosões, tiros, perseguições.
O filme é, sim, um divisor de águas do cinema nacional. A maquiagem é perfeita, os cenários, o figurino, o elenco. E que Deus ajude o cara que estiver na mira do Capitão (agora comandante) Nascimento: é de dar medo. Wagner Moura está mais uma vez na pele de seu melhor personagem. E bem, muito bem. Quem é Moura e quem é Nascimento? É de assustar mesmo.
Nesta versão, porém, ainda há o brilho de André Mattos (sempre fantástico) e de Sandro Rocha, uma revelação de lamber os beiços. André Ramiro e Milhem Cortaz convencem de novo como André Matias e Capitão Fábio. Maria Ribeiro está discreta como deve ser seu personagem.
A história gira em torno de um Nascimento dez anos mais velho e agora subsecretário de Inteligência do estado. Desta vez, o inimido não é só o garotão da Zona Sulk que usa drogas, mas a galera de cima: o rico, o político, o policial corrupto, a milícia. Agora, os inimigos de Nascimento são bem mais perigosos e reais, palpáveis, eu diria.
Com isso, o filme cresceu. Os personagens são de carne e osso, têm dúvidas, têm problemas, têm sentimentos dúbios. As frases de efeito continuam lá e devem cair mesmo no gosto popular, como "Pede para sair". Agora tem "Quer me foder? Me beija".
O novo Tropa é de ser aplaudido de pé. Para mim, seu único problema é não nos mostrar saída para tudo o que vemos na tela, um retrato cruel da nossa realidade. Infelizmente. Mas aí Padilha ia precisar muito mais de uma varinha mágica do que uma câmera na mão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara, saí do cinema com uma revolta tão grande. Ainda mais por ter acompanhado tudo isso que rolou nesta época de Garotinhos, Lins e afins... Cara...
Caveira neles!!!