Uma jornalista, cabeça a mil. Vontade de debater o mundo que me rodeia, comentar o dia-a-dia, trocar ideias livremente. A busca por um espaço democrático onde pudesse exercer minha criatividade e mostrar minha visão da vida resultou em "Crônicas de Saias".

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Amar dá trabalho


Cada dia estou mais convencida de que os tais livros de contos de fada só nos fazem mal. Sim, despertam o romantismo em nós, sentimento tão necessário para enfrentarmos o árduo dia a dia, mas em compensação nos despertam uma ideia absolutamente errônea sobre o mundo real. Esta história de “viveram felizes para sempre” passa a impressão de que depois que o príncipe beija a princesa todo um universo cor de rosa se abre e não é mais necessário fazer nada. Deus, com sua vara de condão, se encarrega de cuidar daqueles dois serezinhos ali q serão ícones de satisfação para sempre. Se fosse assim, seria fácil...
A verdade, porém, é que amar dá trabalho, minha gente. Há tempos não acredito mais neste sentimento que brota e se desenvolve sozinho. Amar é matar um leão por dia (ou pelo menos um gatinho), é fazer manutenção, é observar o outro e sentir o que pulsa nele. Sabe aquela história clichê de colocar água na plantinha diariamente? É fato que há plantinhas que não precisam disso todos os dias, mas se você passar uma semana sem “aguar” seu vaso pode ter certeza que o ser vivo que ali habita vai morrer. Não tem jeito. Só assim é possível ter um sentimento duradouro. E se não for este o caminho, eu não tenha ideia qual seja.
É aquele típico caso da moça interessante que casa magra e loira com aquele que ela acredita ser o homem de sua vida. Três anos depois, a moça está o dobro do seu tamanho inicial, com os cabelos igual a um mico-leão-dourado multicor, com um papo que não vai muito além das panelas em promoção na Ricardo Eletro. Pô, não há homem que resista. O contrário também é verdade. O cara tem uma cabeça ótima e os músculos em dia, é super carinhoso e parceiro. Depois de um ano de relacionamento, acha que não pode tirar um copo dágua do lugar, a cerveja diária faz sua barriga crescer e se mostra um machista convicto. Tá pedindo para ser corno. No mínimo...
Amar é um exercício diário. Tem dias que você não está a fim, mas, acredite, não é possível fazer disso uma rotina. Nós nos apaixonamos por personagens, é fato. Todos inventam um ser muito mais nobre na hora de cortejar o outro e o real só emerge aos poucos. Mas há de se ter consciência que se a realidade posterior for muitíssimo diferente do que nos conquistou inicialmente, este sentimento está fadado ao fracasso. E isso não é pessoal – é para todo o mundo. Quem não quer ter trabalho, que fique sozinho.

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