Indicada pela Dé, minha amiga querida, conheci o blog "A melhor das intenções", pilotado pelo Bruno Acioli. Falando sobre uma coluna q muito me interessou na semana passada, o cara dá banho em muito marmanjo que acha que sabe tudo da vida. Fiquei impressionada com a visão e a transparência do texto.
Enviei para uma outra amiga, que adora o tema, e ela discordou. Aliás, com argumentos bem interessantes também. Afinal, o amor tem que ser fácil, fluido, tranquilo ou é mesmo uma batalha diária, cheia de altos e baixos?
Fato é que cada um tem sua maneira de viver o amor. Valeu o debate.
Segue o texto.
Virei fã.
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O amor é um buraco negro
03/07/2011
Li recentemente em um post na internet que o suposto amor decente é aquele que vem fácil, sem conflitos, sem intrigas, que nasce naturalmente, que agrega. O autor, um respeitado jornalista de um grande veículo brasileiro, apura as diferenças entre os sacrifícios que se faz em um romance nascido à duras penas, além das brigas e lutas que travam os que se amam, e os amores que acontecem e se sustentam por acaso. Sou fã desse cara e adorei o texto, mas tenho — como todos os amigos esperavam –, um contra-argumento. E aviso: amor é um buraco negro.
Em tempo, não sou o mais velho dos jornalistas, tampouco conheci todas as mulheres do mundo. Gostaria, mas não. De qualquer forma, observo, ouço, pergunto, vivo e compartilho experiências pessoais sobre o que é amar e estar em um relacionamento amoroso. Seja ele curto ou longo. E não é nada fácil, amigo.
Desde que me entendo por gente, tive facilidade para negociar com o sexo oposto. Diferente da maioria de meus amigos, mulheres nunca me assustaram. Isso, obviamente, tornara-se meu trunfo, com o passar dos anos. Em suma, nunca fiquei sozinho. Pelo contrário, estive sempre muito bem acompanhado. Mesmo assim, essa facilidade para atrair moças interessantes não pacificou os romances que vivi com cada uma. A princípio, compartilhávamos coisas boas, sentia o frio na barriga de todo começo de relacionamento e, por pressuposto, assim como o autor do texto sobre amores fáceis, acreditei que essa fosse a saída para o coração apaixonado. Mas, com o tempo, descobri que amar é alimentar o serial killer que existe dentro de você. Porque amor é exigente, é cobrador, apesar de sempre ou quase sempre ser iniciado de um esbarrão na escada do prédio, no elevador, de uma conversa despretenciosa na fila do banco. Alimentar um amor é, na maioria das vezes, viver de sacrifício. E onde existe sacrifício, existe expectativa. Não à toa, as pessoas mais interessantes tendem a morar em outros estados ou países. Ou são totalmente o nosso oposto. Vai dizer que você nunca se deparou com uma pessoa maravilhosa, mas que tinha um único defeito capaz de destruir todo aquele encanto? Olha o sacrifício aí. Até que ponto você iria por um amor? Pergunte-se isso. E quando esse ciclo não é satisfeito pelo objeto amado, o sujeito da oração é invadido por ondas e ondas de sentimentos conflitantes: ciúme, insegurança, a própria insatisfação, às vezes, ira.
Ora, acho ótimo que exista um ou mais cases de sucesso em que o amor é agente pacificador em um relacionamento, em que a cobrança é quase mínima ou que, como diz a música, o acaso proteja os pombinhos distraídos. Isso estimula, dá fé, mas aqui fora, na vida real, amar é lutar. É suar, é surpreender, é desgastar a mente, o corpo, a alma, se possível. Planos, sonhos, investimentos, bens materiais. Tudo para experimentar a adrenalina correndo nas veias que só um amor desses de cinema pode injetar.
Quando duas pessoas se amam e encontram obstáculos, os sacrifícios vêm aos montes. Por que você acha que Romeu e Julieta são o casal mais famoso da literatura mundial? Porque eles representam a guerra por amor. A proibição das famílias, a dificuldade de manter um caso que, até então, era considerado como errado. Mais além, recorde a letra de Eduardo e Mônica. Imagine o que ambos passariam — se a história fosse real –, para ficarem juntos. Quantas diferenças não teriam que relevar, quantas complicações e atritos? E, adivinhe só, existem milhares de Eduardos e Mônicas por aí, que relevam, diariamente, dúzias de características por um bem comum: o amor. Diamante bruto que precisa ser lapidado pela tolerância, paciência, argumentação e outras necessidades básicas que sim, tornam-se sacrifícios quando se trata de uma terceira pessoa. Penso que esse amor tranquilo que todos curtem, que todos querem, é muito lindo, mas utópico. Também gostaria de uma relação em que eu não precisasse abrir mão de meus planos pessoais, meus trejeitos, meus mimos e mesmo assim, ainda ter a mulher que amo ao meu lado. Entretanto, lutar e batalhar por cada pessoa que imagino merecer meu amor e por quem nutro um sentimento mínimo de carinho sequer, me torna cada vez mais maduro e consciente, corajoso e crente nas coisas boas que o ser humano pode oferecer. Amor sofrido é resistente. Amor combatente é merecedor. Se alimenta de esperança, de esforço, de lágrima, de trabalho em equipe.
O buraco negro, assim como esse amor que vos falo, é , segundo os astrônomos, um fenômeno intrigante e avassalador, mas não deixa de ser um espetáculo bonito e necessário para a continuação do universo e, nesse caso, da vida a dois.
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